quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Relação da vitamina D com a função do pâncreas

Uma investigação publicada no Pakistan jornal of medical sciences teve como objetivo avaliar a relação entre os níveis de vitamina D e a função das células beta do pâncreas.
As células beta do pâncreas são as responsáveis pelo armazenamento e secreção de insulina.

O estudo incluiu 180 pacientes com diabetes mellitus tipo 2, 178 pacientes com valores de glicose fora do normal e 160 controlos com valores normais. Foram efetuadas várias análises que comprovaram a função pancreática, (prova de tolerância oral à glicose, bem como diversos índices para avaliar a secreção da insulina e sua eficácia), bem como medição da vitamina D.

Os níveis de vitamina D foram significativamente mais baixos e os índices de avaliação das funções das células beta foram piores, nos pacientes diabéticos ou com alterações do metabolismo da glicose do que nos controlos saudáveis.
Os resultados mostraram também que os níveis baixos de vitamina D estavam positivamente relacionados com a secreção de insulina em jejum e com o índice de medição de função das células beta.

Portanto, todos os resultados apontaram para uma relação íntima e directa entre os níveis de vitamina D e a função das células beta do pâncreas. 

Por isso, os pacientes diabéticos devem ser também alvo de medição do valor da vitamina D, bem como quem apresenta alterações do metabolisimo da glicose, para que possam ser feitas correções antes que níveis baixos de vitamina D piorem ainda mais o estado de saúde.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Medição de vitamina D em jovens saudáveis pode fazer sentido!

Uma investigação publicada no jornal Nutrition já em 2014, avaliou os níveis de vitamina D de 1100 adolescentes iranianos (52% dos participantes rapazes) e verificou se poderiam estar relacionados com fatores de risco cardiometabólico (pressão arterial, colesterol, ...). A média de idades rondava os 14 anos.
 As relações da vitamina D com os fatores de risco cardiometabólico foram ajustados para a idade, género, índice de massa corporal e perímetro da cinta.
O nível médio de vitamina D foi de 12.70 ng/mL nos rapazes e 13.20 ng/mL nas raparigas, o que são níveis insuficientes. 40% dos participantes tinha um nível deficiente de vitamina D e 39% tinham um nível insuficiente. 
Foram encontradas relação entre os níveis baixos de vitamina D e pressão arterial alta, colesterol total e colesterol LDL altos e colesterol HDL baixo. A relação mais forte foi com o HDL baixo (que é o colesterol bom que deve estar alto).

Este estudo demonstra por isso, uma taxa elevada de deficiência de vitamina D numa população jovem de um país onde a exposição solar não é problema. Os baixos níveis de vitamina D foram associados a fatores de risco cardiometabólicos independentes do peso dos jovens.
Mesmo nos adolescentes é importante a medição da vitamina D e a sua correção se necessário!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Será que a Vitamina D é o futuro no tratamento da Esclerose Múltipla?

Como o tratamento convencional da Esclerose Múltipla (EM) não tem demonstrado eficácia na maior parte dos casos, a comunidade científica procura outras soluções. 

A EM é mais comum em regiões afastadas do equador, com fraca exposição solar e está relacionada com deficiência em Vitamina D. Já existem estudos que demonstram que a Vitamina D pode ajudar a prevenir e a tratar a EM, mas não se sabe qual o mecanismo subjacente.
Investigadores do Johns Hopkins Medicine, publicaram a 9 de Dezembro 2013, um estudo sobre como a Vitamina D actua no tratamento da EM. 

Neste estudo, foram utilizadas modelos animais (ratos) com EM aos quais foram administradas altas doses de Vitamina D. Detectaram nos animais após a toma da Vitamina D, um aumento dos linfócitos T, no sangue, mas o mais interessante é que estas células não aumentaram no Sistema Nervoso Central (SNC). Os animais que tomaram altas doses de Vitamina D tinham poucas células T no cérebro e espinhal medula.
 Nas doenças auto imunes os linfócitos T, encarregados das defesas do organismo, tornam-se desreguladas e atacam as células normais e no caso da EM, destroem a mielina.

Neste estudo, os investigadores demonstraram que a Vitamina D produz uma substância adesiva que impede a emigração das células T dos vasos sanguíneos, para o exterior, mantendo-as em circulação e evitando assim a agressão ao SNC.

Os investigadores verificaram que ao retirarem Vitamina D aos ratos, surgia uma reactivação da EM.

Segundo os autores a Vitamina D actua nos ratos como nos humanos e a Natureza criou um mecanismo para proteger o SNC de agressões do sistema imune. A Vitamina D parece ser mais eficaz e segura do que as drogas convencionais e poderá ser no futuro a principal proposta terapêutica para a EM.


Filomena Vieira
Médica

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Calcidiol (25(OH)D3): a melhor forma de medir e suplementar na osteoporose

Uma revisão publicada no Current medical research and opinion, confirma a importância da medição da vitamina D na forma de 25(OH)D3 e não noutras formas, bem como a sua suplementação, já que o metabolismo da vitamina D é complexo e requer diversas ativações.



A osteoporose caracteriza-se por diminuição da massa óssea que resulta num aumento de risco de fracturas. A osteoporose é um problema de saúde pública em todo o mundo que influencia negativamente a qualidade de vida.
A forma mais comum de osteoporose (osteoporose primária), resulta da redução da massa óssea por consequência da idade. Ao longo dos anos, a capacidade de formar osso é diminuída ao mesmo tempo que a síntese de vitamina D (responsável pela absorção do cálcio) também diminui. Com a diminuição dos níveis de cálcio sanguíneo, o organismo aumenta a retirada de cálcio do osso para compensar a falta de cálcio – aumentando o risco de osteoporose.

Por isso, a produção de vitamina D e o controlo dos seus níveis são indispensáveis para uma saúde óssea ótima.

A vitamina D (colecalciferol) é sintetizada na pele através da radiação solar, depois é hidroxilada no fígado e transforma-se em calcidiol [25(OH)D3] que por sua vez é hidroxilado de novo no rim e se transforma em calcitriol [1,25(OH)2D3].
A suplementação em humanos, para ser mais eficaz deve ser feita na forma de calcidiol para evitar que a metabolização no fígado tenha efeitos negativos na dose suplementada. A revisão de literatura feita entre 1967 e 2013 confirmou esta noção – a medição e suplementação de vitamina D deve ser feita na forma de calcidiol [25(OH)D3]. O mesmo se aplica a outros casos para além da osteoporose, onde a suplementação com vitamina D é necessária.

Imagem retirada daqui.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Coenzima Q10 reduz a frequência dos surtos na Esclerose Múltipla

No International Journal of Neuroscience de Novembro 2013, vem publicado um estudo científico, que relata a importância dos suplementos com Coenzima Q10 (CoQ10) na redução do stress oxidativo e no aumento da capacidade antioxidante nos pacientes com Esclerose Múltipla (EM), surtos/remissiva.

O estudo consistiu na avaliação do efeito terapêutico da administração de 500mg/dia de CoQ10, versus placebo, durante 12 semanas, em 45 doentes com EM.
Estes pacientes realizaram análises de sangue antes e depois do tratamento. Analisou-se a capacidade total antioxidante (TAC), malondialdeído (MDA) e dosearam-se as enzimas antioxidantes superoxidodismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GPX).

Os autores concluíram que os doentes que tomaram o suplemento com 500mg de CoQ10, apresentaram um significativo aumento da atividade das enzimas antioxidantes e uma redução do número de surtos.

Este estudo sugere que suplementos com CoQ10 podem reduzir o stress oxidativo, aumentar a actividade enzimática (SOD e GPX) e reduzir a frequência dos surtos na EM.

Na nossa opinião sendo a CoQ10 necessária para a produção de energia e um potente antioxidante, a sua falta pode causar danos irreparáveis no cérebro. A associação com a Vitamina D em altas doses, pode trazer grandes benefícios para os doentes com EM.

Filomena Vieira
Médica

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Deve a vitamina D fazer parte do tratamento da asma?

Um artigo sobre asma e vitamina D será publicado na revista Otolaryngologic Clinics of North America em Fevereiro de 2014, mas tivemos acesso a alguns dados desta revisão e é com espectativa que aguardamos a altura em que poderemos ler o artigo completo.
Os investigadores confirmam a importância da medição dos níveis de vitamina D em casos de asma e sublinham a necessidade de cuidados personalizados com análises frequentes.

Pontos que os investigadores já revelaram:
- A vitamina D é importante para o sistema imunitário.
- Vitamina D em níveis insuficientes pode despoletar asma.
- Suplementos de vitamina D podem ajudar a tratar asmas resistentes aos esteróides, a reduzir perda de osso por consequência da toma dessa medicação, melhorar a terapia imunológica, diminuir infecções. Há ainda poucos estudos duplamente cegos nesta matéria.
- Nos pacientes com doenças alérgicas deve ser medido o valor de calcidiol (25(OH)D3), sendo que menos de 25 nmol/L deve ser considerado deficiência e valores entre 50-72,5 nmol/L devem ser considerados insuficientes.
- Suplementação de vitamina D até 10 000 Unidades Internacionais por dia são consideradas seguras. Apesar disso e por causa da variabilidade individual, devem ser feitas medições frequentes durante o tratamento.
- Provavelmente passarão anos até haver consenso sobre os benefícios da vitamina D e a melhor forma de tratamento. A decisão de suplementar depende por exemplo da severidade da doença, história de infecção, uso de esteróides, nível de vitamina D actual.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Stress oxidativo e Esclerose Múltipla

Na revista “Trends in Molecular Medicine” de 24/Dez/2013, vem publicado um artigo sobre o impacto do stress oxidativo na Esclerose Múltipla (EM).
Salientamos os seguintes itens:
- A disfunção mitocondrial contribui para a neuro-degeneração.
- A neuro-inflamação perpetua a doença.
- Restabelecendo a atividade normal da mitocôndria poderá ser o objetivo principal do tratamento da EM.

A mitocôndria é um organito citoplasmático intracelular que é responsável pela produção de energia através de várias reações enzimáticas. Como produto final há a produção de radicais livres de oxigénio, que num corpo saudável são eliminados naturalmente, mas quando produzidos em excesso podem levar ao stress oxidativo.
Nos doentes com EM este metabolismo está alterado havendo disfunção mitocondrial com a produção de stress oxidativo, que contribui para a neuro-degeneração.
Estudos revelam que a disfunção mitocondrial contribui para a perda e destruição dos neurónios.

É importante esta nova visão sobre a disfunção mitocondrial na MS, abrindo novas perspectivas no tratamento da EM, que inclui o combate ao stress oxidativo.

Filomena Viera
Médica