sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Vitamina D e saúde humana – Perspectiva global

Foi publicado um estudo muito completo, da responsabilidade Arash Hossein, MD, PhD e Michael F.Holick, PhD, MD, em que fazem uma avaliação de toda a documentação científica  sobre Vitamina D, publicada até Abril 2013, que aconselhamos a ler com toda atenção.

Destacamos os 5 pontos fundamentais, sobre a Vitamina D, e que interessa ao público em geral:

A deficiência da Vitamina D é uma situação clínica subdiagnosticada, em todo o mundo.
Evidência científica de centenas de estudos que demonstram o impacto da Vitamina D na redução do risco de diabetes tipo 1, doenças cardiovasculares, certos cancros, declínio cognitivo, depressão, complicações na gravidez, auto-imunidade, alergia e até na fragilidade física.
O melhor método para determinar a deficiência de Vitamina D é fazer uma análise ao sangue.
A deficiência em Vitamina D durante a gravidez pode influenciar o futuro do feto, pode aumentar a susceptibilidade para a doença e diminuir a esperança de vida.
A prevenção da deficiência de Vitamina D passa por alguma exposição solar, alimentação rica em vitamina D e tomar suplementos.

No capitulo “Safety and Intoxication” (Segurança e Intoxicação) os autores chamam a atenção para o acompanhamento médico durante a suplementação e, consideram que até 10.000 UI de Vitamina D3, por dia, não existe o risco de hipercalcemia e hipercalciúria aconselhando a ponderar os riscos quando se atingem valores de Vitamina D no sangue superiores a 200ng/ml.

Filomena Vieira
Médica

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Vitamina D no tratamento do Hiperparatiroidismo primário

Uma investigação publicada no The journal of clinical endocrinology and metabolism descreve a relação entre a vitamina D e o tratamento de casos de Hiperparatiroidismo primário (HPP).

Baixos níveis de vitamina D são comuns em pacientes com HPP e são associados a níveis mais elevados de Paratormona (PTH). Apesar disso existe algum receio quanto à suplementação de vitamina D nestes casos.

O objectivo do estudo em questão foi avaliar os efeitos da suplementação de vitamina D no metabolismo do cálcio e no metabolismo ósseo em pacientes com HPP.

46 pacientes com HPP entraram no estudo e foram divididos em 2 grupos. Uma dose diária 2800 UI de vitamina D ou placebo foi administrada durante 52 semanas (26 semanas antes da paratiroidectomia http://pt.wikipedia.org/wiki/Paratiroidectomia e 26 semanas depois).

Os níveis de vitamina D aumentaram de 50 para 94 nmol/L no grupo de tratamento e desceram de 57 para 52 nmol/L no grupo controlo, no período antes da operação.
Comparado com o placebo, o tratamento com vitamina D diminuiu a PTH cerca de 17% e amentou em cerca de 2,5% a densidade mineral óssea. Após a operação, a PTH manteve-se baixa (que é o desejado) no grupo controlo e não se verificaram valores indesejados de cálcio no plasma ou urina.

A suplementação com vitamina D é por isso uma forma eficaz de aumentar os níveis desta vitamina, diminuir os níveis de PTH e ajudar no metabolismo ósseo em casos de Hiperparatiroidismo.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Complicações na gravidez e neonatais provocadas pela deficiência em Vitamina D

A BMJ publicou em Março 2013, um estudo baseado numa revisão sistemática da literatura, sobre a associação entre o nível da Vitamina D (VD) e incidência de complicações durante a gravidez e no período neonatal.

Este estudo consistiu na revisão de 3357 publicações científicas, envolvendo 22.000 grávidas, que permitiram concluir que a pré–eclampsia, a diabetes gestacional, a vaginose  bacteriana,  a cesariana, o baixo peso do feto para o tempo de gestação e o baixo peso ao nascer, podem estar relacionadas com deficiência de VD materna.

É reconhecido em saúde pública que a deficiência em VD é prejudicial para as gestantes, mas ainda está por definir qual o valor a partir do qual se considera deficiência.
Estão a decorrer estudos para se chegar um consenso, em relação à saúde materno fetal, sobre o nível óptimo de VD no sangue.

Os autores consideraram insuficiência de VD, na grávida, valores inferiores a 75 nmol/litro (30ng/ml) e no recém–nascido  37,5 nmol/L (15ng/ml).

Nos diversos estudos analisados os autores verificaram que a deficiência em VD nas grávidas é comum, tendo em consideração as mulheres que limitam a exposição solar, (por viverem em climas frios, uso de roupa e protectores solares) e nos pequenos grupos étnicos, com pele escura que habitam países afastados do equador.
As boas práticas médicas recomendam suplemento nas grávidas, de VD, que varia entre 600 a 2000 UI por dia. É consensual os benefícios da VD a nível ósseo, e já existem estudos que demonstram que 1,25 (OH)2D3, calcitriol, a forma activa da VD, regula vários genes, cerca de 5% do genoma humano.

Na diabetes gestacional induzida pela resistência à insulina, existe evidência científica de que a VD melhora a sensibilidade das células à insulina.
A VD tem um papel importante no desenvolvimento da placenta através da regulação e expressão genética, que pode afectar o desencadear da pré-eclampsia.

O baixo peso ao nascer do recém–nascido pode ser evitado pela suplementação com VD.
Aconselhamos a leitura do nosso post “Deficiência de Vitamina D na gravidez aumenta o risco de cesariana”.

Filomena Viera
Médica

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Vitamina D ajuda na fibromialgia

Na revista Pain vem publicado um estudo que avaliou a relação entre a vitamina D e a fibromialgia.
O papel da vitamina D na perceção da dor é bastante interessante e já foi discutido em diversas publicações. Baixos níveis de vitamina D são muito comuns em pacientes com dor crónica ou com diagnóstico de fibromialgia. Não existem muitos estudos a verificar o efeito da suplementação.

A investigação em causa incluiu 30 homens com diagnóstico de fibromialgia com níveis de vitamina D inferiores a 32ng/mL que foram divididos entre grupo controlo e grupo de tratamento. O objetivo era aumentar os níveis de vitamina D para valores entre 32 e 48 ng/mL durante 20 semanas através de suplementação.
No final da suplementação foram aguardadas mais 24 semanas sem que nenhum grupo fosse suplementado e no final desse período ambos os grupos foram re-avaliados.

A hipótese que estava em cima da mesa era que o aumento dos níveis de vitamina D deveria resultar numa diminuição da dor. Para além da dor muitos outros parâmetros foram avaliados, relacionados com a qualidade de vida destes pacientes.

Nos pacientes suplementados foi verificada uma redução marcada da dor, um aumento da mobilidade e do bem-estar geral.
São necessários mais estudos, com um número maior de pacientes, mas esta investigação é já um bom indício de que a vitamina D poderá ajudar (e muito) pacientes com fibromialgia.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A Vitamina D como potencial terapêutica para o tratamento da Endometriose

 A revista Metabolism,  Clinical and Experimental, Janeiro 2014, publica um estudo  prospectivo, baseado  na revisão da literatura cientifica de 1946 até 2013, sobre a relação entre Vitamina D (VD) e endometriose.

 O estudo pretende elucidar sobre o papel da VD na endometriose e considera que deficiência de VD é um factor de risco modificável para esta doença. Um nível elevado de VD no sangue está associado a um menor risco de endometriose.

A endometriose é definida como uma doença ginecológica causada pela presença ectópica de glândulas do endométrio e de estroma, provocada pelo refluxo de sangue menstrual devido à disseminação metastática do tecido do endométrio através da corrente sanguínea venosa.
Afecta 6 a 10% das mulheres em idade reprodutiva, causando dismenorreia, dispareunia, dor pélvica crónica, hemorragias uterinas e infertilidade.
Já existem estudos que confirmam os benefícios da VD na dismenorreia. O estudo aponta para o benefício da VD no combate à dor pélvica cronica, na endometriose.

Os autores destacam vários pontos relevantes a favor da evidência científica da acção biológica da VD na endometriose:

- A dieta, produtos lácteos e ambiente: A endometriose é considerada uma doença crónica inflamatória, estrógeno-dependente. O stress oxidativo pode contribuir para o aparecimento da doença. A dieta tem influência através da promoção da inflamação e dos efeitos estrogénicos. A endometriose é mais frequente em consumidoras de produtos lácteos. O nível sanguíneo de VD é inversamente associada à endometriose.

- O VDR afecta a expressão genética de 900 genes. A VD e seus metabolitos estão relacionados com infertilidade, 30 a 50 % das mulheres com endometriose são inférteis. A VD induz o processo de implantação do blastocisto.

- O endométrio como alvo da actividade da VD - o tecido do endométrio é hormono-dependente. O receptor da VD (VDR) e as enzimas  24-hidroxilase e 1-alfa–hidroxilase encontram-se nas células normais do endométrio. O endométrio é alvo da acção da 1,25 dihidroxivitamina D através da regulação de genes e do sistema imune e intervém na regulação de genes específicos - o gene Hoxa10 envolvido na embriogénese.

- A endometriose como doença auto-imune, é uma doença com características malignas que obedece a critérios de doença auto-imune e a VD sendo um agente antiporoliferativo, anti-inflamatório e com propriedades imunomodeladoras tem impacto positivo no controle desta doença.

- A VD como agente antineoplásico - A endometriose mimetiza a doença maligna caracterizada pela invasão das células de endométrio a órgãos adjacentes (intestino e bexiga), aumento da angiogénese, a necessidade de intervenções cirúrgicas e o aumento da incidência de cancro do ovário. Há demonstração de que a VD actua na redução da invasão tumoral e diminui a incidência de cancro nas mulheres pós-menopausa.

- A VD tem efeito imuno modelador controlando a resposta TH1 e TH2, inibindo a IL12, IL2,TNF e interferon.

- A VD como potencial para tratamento da endometriose - estudos realizados em modelos animais em que utilizaram um agonista da VD “elocalcitol”, demonstrou reduzir as lesões em 1 a 2 semanas depois de induzida a doença em animais. Aguardam-se estudos em mulheres afectadas.

Filomena Vieira
Médica

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Entrevista Dr Cícero Coimbra - Vitamina D

Ontem no Programa "Sua Saúde", o Dr Cícero esclareceu mais uma vez o público sobre as funções da vitamina D e os seus benefícios do tratamento de casos de Esclerose Múltipla.

Nunca é demais ouvir:


http://videos.ruralbr.com.br/canalrural/video/sua-saude/2014/02/vitamina-pode-ajudar-combate-esclerose-multipla/63300/

Veja aqui a reportagem.
Leia aqui sobre o nosso Protocolo de Correcção Terapêutica da Deficiência de Vitamina D.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Vitamina D poderá ser uma ajuda na terapêutica da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

Foi publicada na revista CNS Neuroscience and therapeutics uma revisão sobre a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e a vitamina D.

A vitamina D já demonstrou influenciar diversos aspetos em casos de ELA. Alguma investigação em ratinhos mostra que o tratamento com vitamina D pode melhorar a função muscular comprometida e aumentar o tamanho muscular que foi perdido por consequência da doença. A vitamina D também diminui a expressão de biomarcadores associados a stress oxidativo e inflamação em pacientes com esclerose múltipla, artrite reumatóide, doença de Parkinson, doença de Alzheimer – doenças que partilham características patofiosiológicas com a ELA.

Para além disso, recentemente os autores publicaram outra investigação que mostrava que altas doses de vitamina D melhoram sintomas em ratinhos com ELA e a privação da vitamina D piorava o quadro clínico.
Conclui-se que a evidência disponível mostra que, ao contrário do que se passa com o medicamento riluzol, a vitamina D afeta muitos aspetos da patofisiologia da ELA e pode ter efeitos cumulativos muito benéficos.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Associação de baixos níveis de Vitamina D e mortalidade

Na revista “Age and Ageing “ da British Geriartrics Society, de Dezembro 2013, vem publicado um artigo intitulado “Associação da 25-hidroxivitamina D, 1,25-dihidroxivitamina D e da hormona paratiróide com a mortalidade em homens europeus de meia-idade e idosos”.

A vitamina D tem sido associada a um aumento do risco de mortalidade, mas a relação tem sido ligada à morbilidade coexistente e a factores de risco ambientais adversos.
O objectivo deste estudo é demonstrar que os níveis baixos de vitamina D são prognóstico de todas as causas de morte, principalmente cardiovasculares e cancro, independentemente do estado de saúde e estilos de vida do individuo antes da morte.

Ainda não sabem determinar qual o nível de Vitamina D a partir do qual há o risco aumentado de morte por determinada doença, excepto no cancro, que está associado a um nível endógeno de vitamina D inferior a 25 nmol/l (normal 80 a 100nmo/l).

A hormona paratiróide (PTH) elevada está associada a um aumento de todas as causas de morte.

Na nossa opinião a determinação do nível sanguíneo da Vitamina D neste grupo etário entre 50 e 80 anos em indivíduos  de ambos os sexos,  saudáveis ou doentes, permite corrigir deficiências, prevenir determinadas doenças e dar melhor qualidade de vida àqueles que já sofrem de doenças crónicas.
 
Filomena Vieira
Médica